16 de fevereiro de 2010

TC de perfusão do miocárdio (stress induzido por adenosina)

Actualmente, existem várias técnicas imagiológicas para avaliar a morfologia e as patologias das artérias coronárias, como a SPECT, cintigrafia de perfusão, RM do miocárdio (stress induzido por adenosina) e Angiografia coronária por Tomografia computorizada e por fim a Angiografia coronária.
A tomografia computorizada está a ganhar importância na detecção de doenças coronárias devido a ser uma técnica não invasiva, resolução espacial e temporal elevada. A TC tinha como desvantagens o excesso de dose de radiação, mas esta limitação está a ser colmatada através de técnicas não helicoidais “step and Shoot”, sistema de TC de dupla energia. Para sistemas antigos de TC, limitar a largura da aquisição, utilizar a sincronização por ECG e redução de voltagem podem ser alternativas para reduzir dose.
Ao comparar as técnicas como TC e RM (stress induzido por adenosina) e SPECT de perfusão na detecção de isquémia do miocárdio, conclui-se que a técnica de TC dupla energia detecta isquémia reversível com uma sensibilidade de 100% e especificidade de 100% e acuidade de100% enquanto a SPECT tem uma sensibilidade de 100%, especificidade de 90% e acuidade de 92%. Ao comparar com RM cardíaca, a técnica de dupla energia de TC detecta segmentos do miocárdio com preenchimento tardio com uma sensibilidade, especificidade e acuidade de 100%.
TC de perfusão (stress induzido por adenosina) é uma técnica de TC onde é introduzido um vasodilatador (stress farmacológico) designado por adenosina, que reduz o normal fluxo de impulsos eléctricos através do nó átrioventricular (AV) do coração, permitindo detectar a presença e extensão isquémia do miocárdio e estenoses das artérias coronárias
Nos estudos analisados, apenas esta técnica foi executada com um sistema de TC de dupla energia devido ao facto de se aproximar morfologicamente à RM, e desempenho semelhante ou igual à SPECT na detecção de isquémia do miocárdio.
Esta técnica efectuada com RM, os resultados de stress/ em repouso RM permite o diagnóstico de isquémia do miocárdio, visualiza a anatomia relevante e permite distinguir a isquémia reversível, da cicatriz permanente ou tecido do miocárdio que sofreu enfarte.
Protocolo:
Basicamente, é constituído por três fases:
1 – Aquisição de imagens com introdução de contraste e adenosina- permite visualizar as artérias coronárias e identificar as estenoses, através de redução de fluxos sanguíneos.
2- Aquisição de imagens em repouso com sincronização retrospectivo por ECG- identifica os defeitos de perfusão
3- Aquisição tardia (depois de 7 minutos da segunda)- preenchimento tardio das artérias coronárias para visualizar se existe mesmo enfarte.
  
A introdução de adenosina (140µg/min/Kg) induz stress no miocárdio e o contraste iodado (80mL) usando bolus triggering e os cortes são adquiridos com baixa dose. A rotação da gantry de 320ms, 0,2 PITCH, 32*2*0,6 mm de colimação, 100kVs e 180mAs na primeira ampola e 140kVs e 90mAs na segunda ampola por rotação.
Quando a injecção de adenosina acaba, o coração volta ao seu estado de repouso, e mais ou menos 6 minutos, utilizando sincronização por ECG retrospectivo, injectado novamente contraste de concentração 79mL e vários cortes finos de alta resolução são adquiridos. Neste ponto é possível distinguir a isquémia reversível de um enfarte do miocárdio.
Tal como a aquisição de stress, a aquisição em repouso, o protocolo é rotação da gantry de 320ms, 0,2 PITCH, 32*2*0,6 mm de colimação.
Com uma aplicação de determinação de volume sanguíneo na perfusão cardíaca, são efectuados três reconstruções com diferentes valores de volume sanguíneo. A primeira apresenta imagens axiais numa escala de cinzentos onde essas imagens são baseadas em 70% do espectro de 140 kVs e em 30% do espectro de 100 kVs. A segunda baseada apenas no espectro de 140 kVs e a terceira apenas no espectro de 100 kVs.
Essas três reconstruções têm valores quantitativos diferentes de preenchimento sanguíneo do miocárdio, devido às diferenças de absorção de raios-x de níveis diferentes. A partir desses dados, mapas coloridos de iodo são criados e sobrepostos às reformatações multiplanares na escala de cinzento do miocárdio.
Interpretar análise:

  •  Isquémica reversível - aquisição de stress com área do miocárdio com hipoperfusão e aquisição em repouso essa área preenchida com contraste. Essa área não sofreu enfarte, isto é, existe um defeito de perfusão durante o exercício mas não é grave o suficiente para causar enfarte ainda.

  • Hibernação do miocárdio (reduz a perfusão do miocárdio mas as células estão vivas) - defeitos de perfusão parcialmente reversível, ou seja, apresenta hipoperfusao na aquisição de stress e com contraste na aquisição em repouso mas não se visualiza nenhum preenchimento de preenchimento na aquisição tardia.

  • Enfarte do miocárdio- hipoperfusão das artérias na aquisição em repouso e contraste nas artérias em stress e aquisição tardia visualiza-se contraste nas artérias.
Referências:
• Ishida. M et all.Adenosine-Stress CT Myocardial Perfusion Imaging: Comparison with Stress Myocardial Perfusion MRI in Patients with Coronary Artery Disease, Circulation.2008. volume 118. Pág.836;
• Achenbach S. Stress computed tomography myocardial perfusion. J Am Coll Cardiol 2009;volume 54 págs. 1072-1084;
• Blankstein R et all. Adenosine-induced stress myocardial perfusion imaging using dual-source cardiac computed tomography. J Am Coll Cardiol 2009. Volume 54. Págs 1072-1084;
• Riordan. M. Cardiac CT protocol identifies perfusion defects, stenoses, Imaging. 2009, disponível em: Http://www.theheart.org/article/1001715.do;
• Barnes,E. Adenosine stress DECT equivalent to SPECT, MRI. 2008, disponível em http://www.auntminnie.com/index.asp?Sec=sup&Sub=car&Pag=dis&ItemId=83529&d=1

11 de janeiro de 2010

Tc de Perfusão

Actualmente, existem várias técnicas utilizadas para avaliar a perfusão cerebral, incluindo Tomografia por Emissão de Positrões (PET), Tomografia Computorizada por Emissão de fotão único (SPECT), Tomografia Computorizada com Xénon (TC) e a Ressonância Magnética (RM) de perfusão, mas estas modalidades, no entanto, apresentam algumas limitações como o custo, avaliação limitada e /ou a tolerância do paciente.


A teoria da TC de perfusão foi desenvolvida em 1980, contudo só foi possível o seu uso clínico com a introdução da TC multi-corte, porque esta aumenta a cobertura anatómica, diminuindo o sinal ruído.

O que é?

É uma técnica imagiológica que permite uma avaliação quantitativa da hemodinâmica cerebral de uma forma rápida e não invasiva através de mapas do fluxo sanguíneo cerebral (CBF), volume sanguíneo cerebral (CBV) e tempo médio de trânsito(MTT).

Aplicações

Essencialmente a TC de perfusão é utilizada a nível cerebral para detectar vasospasmo após hemorragia subaracnóideia, isquémia cerebral, enfarte. Contudo, também pode ser utilizada noutras regiões do corpo para detectar tromboembolismo pulmonar, cirrose, pós – transplante e diferenciar doenças inflamatórias como tuberculose de doenças neoplásicas na medula espinhal da coluna cervical.

Técnica

Qualquer aparelho de TC multi-corte, independentemente do fabricante, podem efectuar esta técnica, desde que contenham o software específico e o injector.

Esta técnica é baseada na relação entre o preenchimento das artérias, dos tecidos e das veias, após a primeira passagem do contraste. Vários cortes são adquiridos simultaneamente na mesma localização para permitir a determinação das curvas de atenuação/ tempo

A atenuação do contraste é directamente proporcional à concentração (densidade) do contraste, sendo expresso em unidades de Hounsfield (UH). Dos cortes adquiridos pela injecção de contraste deve conter pelo menos um corte sem contraste para actuar como referência. O corte referência é subtraído ou por pixel a pixel ou por região, às imagens restantes de modo a obter os dados atenuação/tempo.


Após aquisição das imagens, são enviadas e processadas nas workstations, através de dois métodos (método de “declive” e método desconvolução), para obter os mapas de perfusão, CBV, CBF e MTT.

Dose


A dose da TC perfusão é baixo kv 80 e 100mA, a dose efectiva requerida pela perfusão é 2,9-3,0 mSv e é apenas um pouca mais alta que a rotina, 1,5 – 2,5 mSv. Esta dose equivalente é menos que a dose obtida com a PET ou SPECT, e é comparável a TC xénon.

Limitação

A maior limitação é amostra de volume de cobertura – Todos os aparelhos de TC têm um máximo de FOV axial de cerca de 20cm. Isto limita a secção do órgão de interesse a ser estudado.

Bibliografia
 
• Miles. K et all. Perfusion CT: a worthwhile enhancement? British Journal of Radiology, 2003, volume 76, págs 220-231;


• Reiser.F. et all. Multislice CT, Springer, 2009, 3ºedição, Pág.113 – 123;

• Konstas,A et all. Theoretic Basis and Technical Implementations of CT Perfusion in Acute Ischemic Stroke, Part 2: Technical Implementations. American Journal of Neuroradiology.2009. Volume 30. págs. 885-892.